segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O barquinho


Certa vez observei um barquinho de papel à beira mar e um garotinho ainda a segurá-lo. Também vi a criação do barquinho feito com a página de jornal. Eram cinco horas da tarde e o sol quase se punha, e eu olhava o pequenino atentamente, vendo a maneira em que ele estava concentrado e apreciando ao fazer sua "criação”. Em instantes o pequeno barco estava pronto, e o menininho o colocou a beira mar e começou a soprá-lo até que as ondas pudessem carregá-lo. Eu me aproximei dele e agachei, em seguida perguntei a ele: “Porque você fez este barquinho?”  O menino logo fala: “Quero que ele leve sentimentos bons para o mundo inteiro...”  Eu disse: “Sentimentos bons para o mundo inteiro? Como assim?” O garotinho todo animado ao responder, no entanto, chateado com algo: “ Ah, vejo meus pais sempre vendo notícias ruins na TV, criancinhas com fome, pessoas grandes brigando por besteira... Penso que meu barquinho vai levar coisas legais pra essas pessoas. Minha mãe sempre fala que a água leva os sentimentos ruins embora, lava tudo (risos) e sal tira o mal olhado. Então achei que o mar seria um bom lugar para colocar meu barquinho do amor.”  Eu pensei comigo mesmo, como uma criança de uns 8 anos poderia ter uma compaixão tão grande? Seria ótimo se os bons sentimentos fossem levados pelo mundo através de um barquinho de papel e que houve respeito entre as pessoas. Ver esperança nos olhinhos dele ao ver o barquinho sendo levado pelas ondas me deixou com o coração com uma pequena parcela de culpa. Todos os dias há alguém desrespeitando alguém, e em algum momento da vida você acaba fazendo isso, mesmo não querendo magoar.
Onde falta compaixão, falta respeito, falta amor, falta paz...
Quando perdemos o barquinho de vista o sol acabara de ser por. O menino foi embora com o ar de dever cumprido. Imagino que ele será um grande homem que sempre vai levar a paz e o amor. Saberá tratar os problemas com sabedoria, vai saber escutar, saberá tratar tudo com amor. O mundo precisa de pessoas assim, amáveis, que façam de suas ações barquinhos de papel do/com amor...

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