terça-feira, 29 de novembro de 2011

Em tempos de guerra

Eram tempos de guerra, quando eu tinha apenas sete anos de idade meus pais tentavam fugir do desespero causado pelos fascistas. Famílias que se separavam, pessoas que morriam... Tudo era muito confuso para minha pequenez.
A vida estava cada vez mais difícil não sabíamos quando iríamos ter nossa vida tranqüila novamente.
Meu pai disse que iríamos para um local onde poderíamos escutar apenas passarinhos, e que o barulho das bombas serão apenas coisas do passado. Enquanto ele tentava me tranqüilizar dizendo que algo de bom irá acontecer. Ao olhar para minha mãe via que nos olhos dela havia sinais de tristeza, decepção, pois não seria algo que podíamos controlar.
Saímos de Pádua numa tarde de quinta-feira logo após o almoço, pegamos carona com um amigo do papai que estava indo rumo a Toscana. Ele transportava alimentos para gados. Ao sair olhei para minha rua onde costumava jogar futebol e bola de gude com os amiguinhos era muita nostalgia para quem tinha apenas sete anos.
No caminho eu olhava a estrada, os animais... Outra Itália que eu não conhecia. Era tudo muito lindo, mas a guerra estava acabando com a beleza, com a paz...
Ao chegarmos a Toscana ficamos abrigados nunca casa de uma família rica, onde prestaríamos serviços para eles até juntarmos dinheiro para irmos para o campo, onde ficava a paz que meu pai tanto falava.
Certo dia, minha mãe estava sentada na cama e estava com a cabeça baixa me aproximei e disse: “ Mamãe, o que está acontece? Porque a senhora está tão triste?”. Ao levantar os olhos, percebi que estava chorando em seguida ela me disse: “ Querido, aconteça o que acontecer eu e seu pai sempre te amaremos meu Fabrizio!” Aquilo era muito estranho, pois não sabia o porquê da minha mãe está desta maneira e falar estas coisas comigo.
Algum tempo depois saímos da casa da família rica, pois eles foram para a América e fomos para um cortiço no subúrbio. Nossas economias deram apenas para isso.
A ação Fascista se intensificava e nós vivíamos cada dia como se fosse o último. Meu pai sempre criava histórias para que eu esquecesse o clima tenso que o país se encontrava. Num dia ele falou que eu era um grande soldado que protegia o castelo da princesa Henriqueta dos bandidos alemães e franceses, noite e dia! Consegui vencer todos eles, ser o campeão! Um grande homem!
Ao terminar meu pai disse: “Fabrizio você gosta das minhas histórias? Você quer ser herói?” Respondi em seguida: “Sim papai, eu adoro! Imagino como se eu estivesse nelas!” Meu pai deu um sorriso enorme e falou: “Não seja como seu pai Lorenzo, seja um homem livre, more onde exista paz, não tenha medo de ser feliz, lute por tudo que ama!”
Na manha seguinte os ataques chegaram próximos a nossa casa e minha mãe foi presa, eu e meu pai tentamos salvar a mamãe, mas o plano não deu certo, pois meu pai foi preso. Esperando meu pai próximo a cadeia alguns mendigos tomavam conta de mim, sabia que a qualquer hora ficaria sozinho novamente, porque eles seriam presos. Meu pai tentou fugir da cadeia e encontrou comigo tentamos pegar a minha mãe, no entanto, mais uma vez o conselho dele serviu, “lute por tudo o que ama!” foi a ultima frase dele ao ser morto pelos policiais. Em seguida minha mãe também foi morta. Fui levado para um orfanato onde uma família que foi para a América me adotou, e quinze anos após o acontecido eu retornei ao país para sentir o ar que me matava de saudade havia muitos anos.
Agora sim eu tinha motivos para ser nostálgico. Era adulto, meus pais já não estavam mais aqui, fiquei anos fora do país. Hoje sou jornalista e tenho comigo a única herança deixada por eles, “LUTE POR TUDO QUE AMA”!

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